Por José Reinaldo do Nascimento Filho
O meu sonho começou bem.
“Nele eu acordei, levantei-me da cama, calcei as havaianas e fui escovar os dentes. Mainha passou e disse Bom dia, filho. Painho surgiu com as botas sujas de lama e esterco e fedendo e disse Venha comigo.
Fazer?
Venha sem perguntar.
…
Ah, sim. Troque de roupa. Pegue uma velha e suja e venha comigo.
Cristo, pensei. Já sabia o que me aguardava.
Terminei a limpeza dental e facial e caminhei para fora de casa e entrei no terreiro e olhei para o caminho que dava naquele lugar: O chiqueiro. Mentira que vamos capar porcos. Bom dia, disse Vovó.
Bom dia, respondi embezerrado.
Cara feia é essa?
Vou capar porco!!!
Disse “inté logo” e virei as costas e percorri o caminho ladeado de laranjeiras e deixei o ar puro.
O chiqueiro. Fedentina dos infernos. Entre e deixe de nojo, disse o meu pai com aquele olhar obstinado e rancoroso. Fitei a faca prateada na cintura dele. Os porcos correndo e grunhido. Venha peeeeste, ele vociferou. Catou o porco com a mão e apertou os joelhos e o peso do corpo sobre a barriga do porco. Venha, peque aqui, peque aqui, e apontou com a cabeça para as patas traseiras.
Agarrei o bicho e apoiei o meu joelho na barriga do bicho e quase digo Se fodeu, bicho.
Meu pai tirou a faca prateada da cintura e encostou nos testículos do porco e ele berrou…”
Acordei nessa hora.
O conto de hoje é de Tânia Jamardo Faillace, 63 anos, gaúcha e jornalista e escritora. Nunca ouvi falar. Mas está aqui. E a historinha dela é sobre crianças e porcos e muito sangue.
Acesse o link clicando aqui: http://www.releituras.com/taniajf_porca.asp
Belas histórias. No seu sonho manteve seu estilo. E a escritora narra com muita propriedade essas reminiscências infantis. Boa escolha, mais uma vez.
Concordo, Leonardo.
Feroz!
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É faz tempo mas tive o prazer de fazer os desenhos do livro dela Vinde A mim os pequeninos e ver Tania escrevendo .
Agradecido pela sua presença, Altair Kotowski. Mantenha sempre contato aqui no nosso blog. Será sempre um grande prazer e honra.