Billy Elliot – The Musical

Por José Leonardo Ribeiro Nascimento

Eu nunca havia visto um musical, e nunca havia parado para pensar como um musical podia ser.

Dito isso, vou ao Kennedy Center e vejo Billy Elliot, the musical, em cartaz, últimos dias. Vejo que ganhou dez Tony Awards em 2009 (o Oscar do teatro americano), inclusive de melhor musical.

Penso: por que não começar com esse?

Chego à Opera House, um dos salões do Kennedy Center, e fico impressionado com a beleza do lugar. Provavelmente todos os 2350 assentos estão ocupados. Meu assento é o K-102: décima primeira fileira, bem de frente ao palco. Perfeito!

Conversava com o colega da CGU que foi comigo antes do início do espetáculo. Meu medo era que eu perdesse muito dos diálogos por conta de a minha fluência com o idioma ainda não estar devidamente exercitada. “Que nada”, diz ele. “O espetáculo costuma ser tão grandioso que Continuar lendo

Beijo Bandido – Ney Matogrosso

Por José Leonardo Ribeiro Nascimento

Ontem tive o privilégio de assistir ao show Beijo Bandido, de Ney Matogrosso. Desde que vi a notícia de que ele se apresentaria, programei-me para ir. Já dispunha do CD Beijo Bandido, de sorte que já conhecia todas as faixas e gostava de todas. Minha maior curiosidade era vê-lo ao vivo, num palco. Sua voz, para mim, é aquela que melhor traduz a boa música brasileira, e ele é definitivamente o exemplo perfeito do que é ser um intérprete.

Comprei os ingressos já no segundo dia de venda, e consegui ficar na sexta fileira, muito próximo, portanto, do palco, de maneira que eu assistiria ao show, não em limitaria somente a ouvir.

Como no DVD do espetáculo, a música de abertura foi Tango para Teresa, composta por Jair Amorim e Evaldo Gouveia em 1975. É uma das minhas favoritas, e foi, portanto, perfeita para a abertura do show.

Duas músicas mais lentas e batidas que eu normalmente pulava na reprodução do CD, mas que figuraram entre as melhores do show foram a já clássica Fascinação (versão de Armando Louzada para a música Fascination, de Féraudy e Marchetti, de 1905), numa interpretação soberba (o trecho “Teu sorriso prende, inebria e entontece. És fascinação, amor.”, em especial) e A Distância, de Roberto Carlos. Essa, para mim, foi a melhor interpretação de Ney Matogrosso no show. Ele impôs uma carga emocional altíssima a cada verso, tanto na expressão corporal – um ator nato – mas, especialmente, na voz, que ia do sussurro ao grito rasgado.

Mas o meu silêncio foi maior
E na distância morro
Todo dia sem você saber.”

Destaque ainda (na verdade, tudo é destaque para mim. O show todo foi perfeito) para A Cor do Desejo, De Cigarro em Cigarro (minha favorita do CD), Bicho de Sete Cabeças II, Mulher sem Razão e a última, Tema de Amor de Gabriela.

Como música “ahn?” deixo a estranhíssima (e não menos bela) As Ilhas, que nos créditos do DVD aparece como composição de Astor Piazzola e do poeta Geraldo Carneiro. A execução da canção, num clima meio apocalíptico, com direito a projeção de chamas no fundo do palco foi sui generis.

O saldo final: o show valeu cada minuto. Nunca havia visto Ney Matogrosso em ação ao vivo, e mais do que não me decepcionar, ele me surpreendeu. Não é só um cantor, mas um artista maiúsculo que deixa transparecer todo respeito do mundo pela música e pelo seu público.

Vi mosca urdindo fios
De sombra na madrugada
Vi sangue numa gravura
E morte em caras paradas”