Meu livro, “my precious”!

Primeiro, falamos sobre listas de livros não lidos. Depois, de livros com o efeito uau! Gostei tanto dos comentários de todos vocês que resolvi fazer um post colaborativo, o primeiro deste blog.

O assunto não poderia mudar: livros. Mas não vamos falar aqui de livros de uma maneira geral, mas daquele livro… Sim, aquele mesmo, do qual você tanto se orgulha. Seu precious one… Você pode ter dois, dez, duzentos, mil livros, mas há um que deixa você envaidecido só por figurar em sua estante. As razões são muitas. Pode ser aquele livro que você ganhou daquela pessoa, naquela época que não volta mais… Pode ser uma livro com o qual você esbarrou num sebo, fazendo você quase ir às lágrimas por ter encontrado tal preciosidade escondido numa estante entre Scott Turow e Jorge Amado… Ou pode ser aquele livro caro, caríssimo, que você comprou por impulso e do qual seu bolso até hoje se arrepende, mas você, não. Os critérios, enfim, não precisam ser o preço do livro. Pode ser o valor sentimental, o fato de ser um livro raro, uma edição sublime.

Como precisamos ver para crer, vá que alguém deixe aí um comentário dizendo que seu precious é a primeira edição de Hamlet, autografada por Shakespeare e Paulo Coelho. Como acreditar? Simples: deixe seu comentário e envie ao mesmo tempo uma foto do seu livro para meu e-mail (leoparipiranga@gmail.com) que eu inserirei a foto no post, com seu comentário explicando por que justamente aquele livro é seu precioso. Atenção! Não vale pegar uma foto da internet e enviar para mim. A graça é justamente você enviar uma foto do SEU livro, esteja ele na estante, na sua mão ou protegido sob uma redoma de cristal à prova de balas, se é que existe isso.

Beatriz Ferri – Aracaju/SE

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Partilho sobre um dos livros que tenho como precioso. Acredito que em nossa vida de caminho rumo à santidade, experimentamos a comunhão dos santos e alguns nos elegem como amigos. Como foram gente como a gente, através de sua vida nos ensinam como agir, nos esclarecem e orientam em muitas situações. E, de tempos em tempos, experimento essa verdade. Recebi uma visita muito concreta de um “amigo do céu” no fim do ano de 2011 através desse livro. Alguns dias antes de ganhá-lo, uma outra pessoa já havia falado sobre a vida dele para mim e até mesmo me orientando a ler e sem comentar com ninguém no último dia do ano de 2011 ganho e ainda com uma super dedicatória.

José Leonardo R. Nascimento – Aracaju/SE 

Começo, naturalmente, com o meu precioso. Na verdade, e isso serve para você também, meu precioso não é um livro, mas uma coleção:

As Complete Novels de William Faulkner, da Library of America. São 19 romances/novelas em mais de 5.400 páginas, divididas em cinco volumes. Confiram na foto abaixo:

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Por que esta coleção é my precious one? Gosto demais de Faulkner e é uma realização ter sua obra completa nessa edição caprichada. Comprei um volume avulso no Sebinho, em Brasília há uns quatro anos, e os quatro outros quando estava nos Estados Unidos, no ano passado. No site oficial da Library of America, os cinco volumes custam US$ 135,00, ou cerca de trezentos reais, considerando o valor do dólar hoje. Não é muito, se você pensar que são cinco livros em ótimo acabamento, mas também não é pouco.

Detalhe: ainda não li nada da coleção. Mas lerei, prometo.

É… Aham…Bem… Sendo bem sincero: como sou eu o autor do post, reservo-me o direito de abrir uma exceção e acrescentar outro precious one:

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Que livro é esse?, você deve estar se perguntando. Ciúme da Morte, de L. Romanowski, respondo eu? L. Romanowski?, você pergunta. Sim, L. Romanowski, respondo. O que é o L. do nome dele?, você pergunta. Não sei, respondo eu, e acrescento, para evitar mais perguntas, que nada sei sobre esse autor. Lembro de ter visto em algum lugar que ele era gaúcho, mas não tenho mais certeza. Buscas no google não trazem resultado, além de alguns livros à venda em sebos virtuais.

Não lembro exatamente sob que circunstância comprei este livro. Sei o dia e onde comprei: 18/03/2004, na Traça, sebo virtual. Custou R$ 44,00. Não lembro disso. É que a nota fiscal ficou dentro do livro até hoje. Sei que na época achei o nome bastante chamativo, e imaginei que o livro guardaria semelhança com os dramas psicológicos de Dostoievski. Li o romance e apesar de não lembrar da história (apenas que trata de loucura, obsessão e, claro, morte), lembro que me causou uma excelente impressão. Meus irmãos leram e Wesley, um amigo, leu. Não encontro resenhas, não encontro comentários. Preciso reler o livro para escrever um texto aqui para o Catálise.

É meu precioso porque não consigo lembrar exatamente por que dei R$ 44,00 num livro do qual eu nunca havia ouvido falar, de um autor que eu não conhecia (quarenta e quatro reais há nove anos era muito, principalmente se pensarmos que o livro é bem velhinho). É meu precioso porque é como se eu possuísse uma história rica, assombrosa, quase que só para mim. Uma história que preciso reviver.

E você? Qual o seu precioso? Não seja tímido! Deixe seu comentário abaixo e envie a foto do seu livro para leoparipiranga@gmail.com e conte sua história.

José Reinaldo do Nascimento – Paripiranga/BA

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Orgulho-me de ter em minha estante um exemplar do A montanha mágica, Dr.Fausto, ambos do Thomas Mann, do meu Contraponto, do Huxley, mas tem um – não pela dificuldade de encontrar – que me deixa muito feliz. Um presente de aniversário do Leonardo. Um clássico. Com certeza ele está entre os 10 mais de todos os tempos. Robusto. Imponente. Todos que chegaram perto me fizeram as mesmas perguntas: você já leu isso tudo?!!! Quanto tempo?!!!! É bom, realmente?!!!!!

Os Miseráveis, de Victor Hugo. Edição 3ª, 2009, Cosacnaify.

Para quem se aventurou nesse linda história e teve a oportunidade e paciência de assistir ao recente filme, estrelado e cantado pela belíssima Anne Hathway, sabe o quanto esse romance (apelativo, não vou mentir) é emocionante.

Aléxia

2013-06-23 14.04.05

Dentre os livros da minha estante, orgulho-me da coleção “Literatura Ibero-americana” da Folha de São Paulo.  Lembro que paguei quase R$ 400,00 por 25 livros. Um verdadeiro investimento, já que os livros são incríveis e com ótimas traduções. Entretanto, meu orgulho mais recente é minha edição de “Neuromancer”, de William Gibson. Decidi analisar esse livro, que influenciou o filme Matrix e fundou o conceito de ciberespaço na literatura, no penúltimo ano da faculdade, como trabalho de conclusão de curso. A análise se tornou profunda, englobando a história da ficção científica e o movimento ciberpunk. Meu orientador me incentivou a publicá-lo, então, mandei o original para uma editora sem nenhuma expectativa e me surpreendi quando quiseram publicá-lo. Em 2013 meu TCC ganhou forma de livro acadêmico, no segmento de crítica literária, desde então estou muito, muito orgulhosa! E nada teria sido possível sem “Neuromancer”. Não é só orgulho, também é agradecimento. Sou grata à uma obra literária e seu autor.

2013-06-13 11.12.28

Wesley PC – Aracaju/SE

Ah, Leonardo, é difícil escolher apenas um (risos)… Mas, recentemente, os meus livros sobre cinema (em especial, a HISTÓRIA DO CINEMA MUNDIAL, em dois volumes, do Georges Sadoul, são os meus preciosos)…
Dentre os livros de ficção, aquele que eu guardo com mais cuidado é mesmo o SAYONARA, GANGSTERS. Acho-o tão raro e inusitado e original e caro que guardo-o como o tesouro que, de fato, ele é!

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Gustavo Mahler – Rio

Enfim, tenho vários livros,mas estes que irei passar,  tenho um apreço muito grande.
O Borges é um autor que eu gosto muito, portanto, esse será o primeiro autor que irei falar.
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Aprendi a gostar dele, numa época em que vivi na Argentina ( vivi com argentina 2 anos ) e rodeado pela cultura desse local peculiar. Viver lá – ao mesmo tempo em que ” comia ” cultura, diariamente, – me fez ter uma visão especial sobre tudo o que Borges escreveu. Da comida a um simples pôr-do-sol em outono, tudo, simplesmente tudo, me fez entender Borges melhor, na Argentina.

Indiossincrasias.

Li muita coisa dele em espanhol, porém , essa edição nacional, está muito bem traduzida, além de bem feita, claro. Por isso, ela uma das minhas ” my precious ” . Rsrsrs

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Outra, que tbm adoro, é uma colecao do meu poeta motherfucker ( numero 2, Borges em primeiro rsrs ) é a minha coleção completa de Teatro e Poemas de T.S Elliot.

Tenho um carinho muito grande por essa coleção, não só pelo fato de estar estupidamente bem feita, mas, tbm, pelo fato de estar muito bem feita e ser bilingüe ( as folhas são de um papel lindíssimo tbm ).

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E pra fechar, meu ” my precious ” favorito : Divina Comedia, Dante.

Esse tem uma história engraçada – talvez por isso o apreço – , mas vamos lá!

Eu não sei aonde vc mora, mas aqui no Rio, duas vezes ao ano temos feira de livro no Centro ( pegando do Largo da Carioca até a Cinelândia ), são como se fossem sebos ambulantes – na realidade, são os próprios sebos que enviam suas bancas para lá…
E um certo dia, depois de fazer uma compra grande , quase todos os livros do Saramago, o vendedor, feliz, me disse: ” tenho um presente pra vc. Vou te dar porque vejo que vc gosta muito de ler” e ai, como um mágico que tira o Coelho da cartola, ele me mostra uma edição de 1979 da obra prima de Dante. Essa tinha os desenhos do mestre Doré, que eu adoro,e, era diferente porque não era em canto, mas sim, em prosa. Pra mim foi legal pq eu já tinha a versão em canto ( e na época, a versão em prosa,  até me ajudou a entender melhor a versão em canto ) pois eu já tinha a versão em canto. : D

15 Respostas para “Meu livro, “my precious”!

  1. Ciúme da Morte 🙂 invejo-o. Este livro realmente é uma relíquia. Envaideço-me de algumas leituras, de ter visto alguns filmes (Mary and Max, Dog Ville, Cova Rasa). Assim como Frodo, eu tive a oportunidade de tê-lo em minhas mãos. Ter lido. Passar pelos mesmos questionamentos que Leonardo e Wesley: onde estão os outros leitores desse romance?!!!Cadê esse autor?!!! Que diabos é esse “L”?!!!

    Bem, mas vamos para o meu livro.

    Orgulho-me de ter em minha estante um exemplar do A montanha mágica, Dr.Fausto, ambos do Thomas Mann, do meu Contraponto, do Huxley, mas tem um – não pela dificuldade de encontrar – que me deixa muito feliz. Um presente de aniversário do Leonardo. Um clássico. Com certeza ele está entre os 10 mais de todos os tempos. Robusto. Imponente. Todos que chegaram perto me fizeram as mesmas perguntas: você já leu isso tudo?!!! Quanto tempo?!!!! É bom, realmente?!!!!!

    Os Miseráveis, de Victor Hugo. Edição 3ª, 2009, Cosacnaify.

    Para quem se aventurou nesse linda história e teve a oportunidade e paciência de assistir ao recente filme, estrelado e cantado pela belíssima Anne Hathway, sabe o quanto esse romance (apelativo, não vou mentir) é emocionante.

  2. Quase surtei quando vi sua coleção do Faulkner! Linda demais!

    Dentre os livros da minha estante, orgulho-me da coleção “Literatura Ibero-americana” da Folha de São Paulo. Lembro que paguei quase R$ 400,00 por 25 livros. Um verdadeiro investimento, já que os livros são incríveis e com ótimas traduções. Entretanto, meu orgulho mais recente é minha edição de “Neuromancer”, de William Gibson. Decidi analisar esse livro, que influenciou o filme Matrix e fundou o conceito de ciberespaço na literatura, no penúltimo ano da faculdade, como trabalho de conclusão de curso. A análise se tornou profunda, englobando a história da ficção científica e o movimento ciberpunk. Meu orientador me incentivou a publicá-lo, então, mandei o original para uma editora sem nenhuma expectativa e me surpreendi quando quiseram publicá-lo. Em 2013 meu TCC ganhou forma de livro acadêmico, no segmento de crítica literária, desde então estou muito, muito orgulhosa! E nada teria sido possível sem “Neuromancer”. Não é só orgulho, também é agradecimento. Sou grata à uma obra literária e seu autor.

    • Post atualizado com seus preciosos, Aléxia. Obrigado pela participação.

      Por coincidência, meu irmão Eduardo comprou essa semana essa mesma edição do Neuromancer. Parabéns pelo TCC. Muito legal conciliar a paixão pela literatura com a vida acadêmica. Deve dar orgulho mesmo!

    • Parabéns 🙂 pelo TCC. O meu foi sobre o quadrinhos MAUS, de Art Spielgman.

      Hoje comecei a folhear as primeiras páginas do Neuro. Estou finalizando a leitura de Enquanto Agonizo e estava pensando em ler Neuromancer em seguida, mas respeitarei os que estou devendo há tempos. Fico na ansiedade. O livro deve ser sensacional mesmo.

      • Obrigada!

        Adoro MAUS! É um quadrinho incrível!

        Reinaldo, Neuromancer é um livro interessante, mas não é uma leitura que flui facilmente. Não sei se você já leu “Laranja Mecânica”, que tem um vocabulário peculiar, a leitura de Neuromancer é parecida, pois é igualmente densa, fragmentada e recheada de neologismos. É um livro maluco, cansativo e incrível. Vale a pena ler!

  3. Ah, Leonardo, é difícil escolher apenas um (risos)… Mas, recentemente, os meus livros sobre cinema (em especial, a HISTÓRIA DO CINEMA MUNDIAL, em dois volumes, do Georges Sadoul, são os meus preciosos)…

    Dentre os livros de ficção, aquele que eu guardo com mais cuidado é mesmo o SAYONARA, GANGSTERS. Acho-o tão raro e inusitado e original e caro que guardo-o como o tesouro que, de fato, ele é!

    Deixarei a foto lá no teu perfil de Facebook (hehehehe)

    (WPC>)

  4. Olá Leonardo, compartilho o “meu precioso”:
    Thomas Mann – José e Seus Irmãos. 3 volumes. Ed. Nova Fronteira, 1983.
    Esta obra já figurava há uns anos no meu plano de leitura.
    Sempre gostei da história de José em Gênesis. Quando soube que um autor do calibre de Thomas Mann havia reescrito a história na forma de um romance, dedicando alguns anos de trabalho, a leitura de José e Seus Irmãos está nos meus planos.
    Dei o primeiro passo: adquiri há 2 meses os 3 volumes por R$ 100 na EV (pelo que me lembro foi o maior valor que paguei em uma só obra de literatura até então).
    Ainda não tive tempo de começar a ler, mas está na fila.
    Nesse momento estou lendo a história de outra família (não menos conturbada): Os Irmãos Karamazov.

    Weslley Ludtke – Rondônia.

    • Sempre fui bastante curioso em relação a José e Seus irmãos, por basicamente três motivos: Thomas Mann, um grande escritor, mas um escritor difícil, de quem abandonei A Montanha Mágica (por enquanto, ainda pretendo retomar a leitura); o tema religioso – assim como você, acho a história de José e seus irmãos fascinante; e, por último, o tamanho do livro. Caramba!, em pensava, quanta história cabe aí dentro!!

      Espero que toda a sua expectativa seja atendida quando você finalmente ler a obra.

      Os irmãos Karamazov estão aqui na minha lista interminável… Débito enorme esse.

      Obrigado pela contribuição e volte sempre ao blog!

  5. Enfim, tenho vários livros… fica difícil escolher um só, mas estes que citarei tenho um certo apreço. 😀

    O Borges é um autor que eu gosto muito, portanto, esse será o primeiro autor que irei falar, aprendi a gostar dele numa época em que vivi na Argentina ( vivi com uma argentina 2 anos ) e estive rodeado pela cultura desse local peculiar.
    Viver lá – ao mesmo tempo em que ” comia ” cultura, diariamente, – me fez ter uma visão especial sobre tudo o que Borges escreveu. Desde um simples pôr-do-sol em outono, tudo, simplesmente tudo, me fez entender Borges melhor, e compreender boa parte de veia poética e ensaística. Indiossincrasias à parte, li muita coisa dele em espanhol, porém , essa edição nacional, está muito bem traduzida, além de bem feita. Por isso ela uma das minhas ” my precious ” e Borges, sme dúvida, um ds meus escritores favoritos. ; )

    Outra coleção que tbm adoro é a colecão do meu poeta ‘motherfucker’ numero 2 ( Borges em primeiro rsrs ) e suas ‘ Obras completa de Teatro e Poemas’ . T.S Elliot. Tenho um carinho muito grande por essa coleção, não só pelo fato de estar estupendamente bem acabada, mas por ser bilingüe e com uma tradução impecável e com um material digno de um colecionador aficcionado em Elliot, como eu,

    E pra fechar, meu ” my precious ” favorito : Divina Comedia, Dante.
    Esse tem uma história engraçada – talvez por isso o apreço – , mas vamos lá! Aqui no Rio, duas vezes ao ano, temos uma feira de livros, no Centro ( pegando do Largo da Carioca até a Cinelândia ), são como se fossem sebos ambulantes – na realidade, são os próprios sebos que enviam suas bancas para lá – , e um certo dia, depois de fazer uma compra grande ( quase todos os livros do Saramago ) o vendedor, muito contente , me disse: ” tenho um presente pra vc. Vou te dar, porque vejo que vc gosta muito de ler” … e ai, como um mágico que tira o Coelho da cartola, ele me mostra uma edição de 1979 da obra prima de Dante. Essa tinha os desenhos do mestre Doré, que eu adoro. Outra peculiaridade é que essa edição, era em formato de prosa. Através desse formato, inclusive, entendi bem melhor a versão em canto.

  6. “A Commoedia”, favorito de Borges e de tantos, livro imortal. Descubro com imenso prazer este seu espaço de livros, prazer que buscarei renvoar sempre que possível. Meus parabéns!

    Inori

    • Agora só preciso de uma foto do seu livro, Inori, para atualizar o post. Obrigado pela participação!

  7. Ladislau Romanowski (1902-1997)

    Nascido em Mallet, no dia 8 de janeiro de 1902, em berço humilde, estava predestinado a perlustrar o fascinante roteiro das letras. Foi desses intelectuais singulares, cujo ofício tem sido morar, dormir, sofrer e alegrar-se com a literatura. O escritor é aquele que forma a consciência, elabora uma terminologia, uma técnica de trabalho, dedica à obra todas as meditações, adquire-lhe o domínio dos segredos e devassa-lhes mistérios e problemas. Segundo um ator russo, a criação literária é um moinho. Engenho composto de mós sobrepostas e giratórias, movidas pelo vento, que gira sempre em torno do seu eixo de sustentação que é a realidade. Daí a sua relação com a história. Romanowski interceptou o movimento do moinho para fornecer subsídios culturais ao seu tempo. Procurou, pelo romance, analisar a condição humana pelas reações dos seus personagens diante da vida. Através de peças para o teatro captou os paradoxos existenciais e soube transmiti-los com delicadeza e simplicidade descritiva. Na sua temática infantil, relembrou Monteiro Lobato ao concluir ser mais belo e gratificante escrever para crianças. Tem sido permanente a sua renovação conceitual e metodológica ao retirar das experiências vividas uma perspectiva poética do seu mundo interior.

    Soube recolher do quotidiano a essência dramática dos seus desenlaces, fundindo com habilidoso senso crítico o verossímil e a fantasia. Sua obra contém uma poderosa carga telúrica ao mesmo tempo em que se mistura à índole pedagógica das estórias para crianças. Tornou-se versátil ao explorar gêneros literários diversificados, incursionando com naturalidade pelas infinitas dimensões da alma humana. Sua atividade mental intensa, ampla e fecunda, quase sempre foi dirigida às questões subjetivas, a revelar original pensamento crítico calcado na psicanálise ou na pedagogia que abastecem os tipos e figuras que movimentam seus dramas passionais ou suas estórias ingênuas. Da sua vasta bibliografia, entre outras, constam: Ciúme da Morte; O Retrato de Wlade; E os Trigais Ondulavam e O Anãozinho de Paletó Verde. Faleceu em Porto Alegre, dia 5 de Outubro de 1997. (TV)

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